CHALAÇA a peça

“Os processos que ocorrem no Brasil se dão à margem da história, e se história significa ‘tornar consciente’, os processos em curso no Brasil se dão à margem da consciência inclusive, ainda, do próprio brasileiro.” - Vilém Flusser
18.6.06

COMO ASSIM?



Dia de estréia, step by step:

7:00 acordar.
8:30 o celular toca. "Carlos as gelatinas q vc encomendou não tem." Como assim? Não tem? Conversa por fone, o dono da loja fala pelos cotovelos, estou no metrô. PUTAQUEPARIU. Logo cedo. Fui dormir às 3 da manhã. Vai de gelatina genérica. Ah, gelatina é uma "folha colorida" que é colocada em frente ao refletor de luz.
9:00 chego no teatro. Tem feira do lado. Programa pronto. Alguns erros. TARDE DEMAIS.
10:00 começa montagem de luz. Do cenário (tvs penduradas). Os figurinos chegariam às 2 da tarde. Não dá para descrever todo esse processo com detalhes. Só posso dizer q terminou às 18 e 30. Nesse ínterim: documentos para o Sesc. Esqueci de comprar as gelatinas difusoras. O dono da loja traz até o teatro. O Marcio desiste das difusoras. Lista de convidados. Querem instalar um gerador. Ficar sem luz durante 30 min... O Allen chegou as 2. Montagem do som.
18:30 luz ok. Cenário ok. Figurinos ok. Som ok.
18:35 ensaiamos os agradecimentos. Erro, ensaio, erro, ensaio... Erro
18:50 dança das cadeiras. Repassamos. Agora tem figurino. Erro. Erro. Erro.
19:00 começa um passadão. Pára. Começa de novo. Pára. Maldito microfone. Todos cansados. "não vai dar certo"; repito comigo o tempo inteiro. Começa de novo. Agora vai até o final.
19:45 Larissa chega. Assistente de produção. Responsável pelos convites. Saio do ensaio. Preciso explicar a lista. Menina linda do meu coração. Volto. Chega o café no camarim. Não podemos comer. Estou sem almoço. Chega o café, outro. O do espetáculo.
20:40 Termina o passadão. Foi bom, mas foi estranho. MEDO. O Marcio desce para nos reunirmos no camarim. Vemos o vídeo do começo da peça. Legal. Mas, cadê o ADORNO?
20:47 todos no camarim. O Marcio senta. Não diz nada. Precisamos fazer a contraregragem para liberar a entrada do público. O Marcio fala: "merda". (entendam o sentido duplo da palavra).
21:10 os atores na coxia. Nervosos como nunca. CASA LOTADA. "Ou morrer pelo Brasil", começa.
22:40 aplausos e gritos. Todos de pé. CATARSE. Depois, champanha no camarim. Coquetel com amigos, famílias, pessoas queridas e desconhecidas. Particularmente estou feliz com todos "os meus" q vieram e todos "os dos outros" q também vieram. Foi lindo.
Teve erros, teve descompassos, teve improvisos. Mas no final, como sempre, deu certo. Não creio q sempre tenha q ser desse modo: tão violento e tão conturbado. Mas o teatro aconteceu. E aconteceu com poder. Ah, matéria efêmera q me toma e me arrebata. Não dura mais do q um espetáculo. Mas dura. Trabalho cumprido. CHORO.

Obrigado Les Commediens Tropicales. Obrigado Marcio Aurelio. Allen, Gabriel e Dani.

Hoje tem mais... Sempre tem mais.



As fotos falam por si!